segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Holanda abre inscrições para 50 bolsas de estudo exclusivas para brasileiros

Foram abertas no mês passado inscrições para o programa OTS (Orange Tulip Scholarship) que tem como intenção conceder cinquenta bolsas de estudos exclusivamente para estudantes brasileiros. As bolsas são para programas de graduação, de pós-graduação (Mestrado e MBA) e de curto degree - o que significa cursar no país apenas o último ano da graduação. As principais universidades da Holanda fazem parte desse programa.
Ao participar do programa, o aluno tem a oportunidade de receber uma bolsa integral ou parcial. O máximo do valor oferecido para cobrir os gastos com a faculdade em si (o tuition fee) é de 32.500 euros por ano de estudo. Há outros casos em que a bolsa pode cobrir demais custos do aluno, bem como o seguro e o seu visto. Ao todo, participam do programa quinze universidades e faculdades. Já as áreas de estudo que serão contempladas pelo programa englobam: Artes, Saúde, Ciências Biológicas, Humanas e Exatas.

Pré-requisitos        

A fim de poder participar do processo de seleção do programa de bolsas, o aluno precisa ter de antemão feito a sua inscrição em uma dessas universidades. Ou seja, para ser escolhido para receber as bolsas, o aluno precisa ou já ter sido aceito pela instituição de ensino em questão ou estar no processo de avaliação para o mesmo. 

Inscrição e processo seletivo          

Todos os alunos interessados em se candidatar a uma bolsa têm até o dia 1º de abril do ano de 2016 para fazê-lo. Candidatos devem acessar o site da Nuffic Neso Brazil (trata-se de um canal específico para brasileiros pesquisarem tudo o que precisam para estudar no ensino superior holandês). Acompanhe no site qual é a documentação necessária para enviar juntob com o formulário preenchido. Dependendo, cada universidade pedirá alguma coisa distinta, portanto é preciso pesquisar bem e ficar atento. 
O resultado dos alunos escolhidos sai no dia 16 de maio e pode ser verificado no próprio site de inscrição.
Fonte: Blastingnews

8 mestrados de graça (ou quase) no exterior na área de humanas

Se você é de humanas e já pesquisou mestrados no exterior, deve ter notado a diferença gritante que existe entre a oferta de cursos gratuitos e bolsas de estudo na sua área em comparação com profissões mais técnicas, principalmente ligadas a exatas. E não é só lá fora. Aqui no Brasil, demorou também até que o governo lançasse o Cultura sem Fronteiras, inspirado no sucesso do Ciência Sem Fronteiras (CsF).
Foi pensando nisso que o Estudar Fora fez uma lista com oito mestrados de graça (ou quase!) no exterior para quem é da área de humanas:
1. Mestrado em Gestão Intercultural e Comunicação – Finlândia
O programa de dois anos da Universidade de Vaasa recebe 20 estudantes estrangeiros por ano. O curso ensina como as identidades culturais são formadas e como elas estruturam a sociedade atualmente. O mestrando aprende a gerenciar a comunicação intercultural e multilingue, inclusive do ponto de vista ético e filisófico.  O objetivo é capacitar profissionais para serem especialistas em comunicação intercultural, atuando em organizações públicas ou privadas, em cargos como coordenador de projetos internacionais, gerente de recursos humanos, especialista em relações públicas, educador ou pesquisador. As inscrições abrem em janeiro  de 2016. Não há anuidade, mas o estudante tem que pagar uma taxa de 142 euros por ano para a União dos Estudantes. Saiba mais
2. Mestrado em Educação Multicultural e Internacional – Noruega
O programa da Universidade de Ciências Aplicadas de Oslo e Akershus se apresenta como uma alternativa aos mestrados convencionais na área de ciências sociais e pedagogia. O curso é interdisciplinar e indicado a quem quer se aprofundar no tema educação multicultural, tendo como base o sistema de ensino da Noruega. O programa tem duração de dois anos e aceita professores (inclusive de pré-escola) e bacharéis em cursos na área de ciências sociais. Não há anuidade, apenas uma taxa semestral de 730 coroas norueguesas (equivalente a 350 reais). As incrições para estudantes internacionais vão até 15 de dezembro. Saiba mais
3. Mestrado em Estudos Culturais e de Negócios Internacionais – Alemanha
Dar um rumo internacional à carreira profissional, ao mesmo tempo em que aprende uma nova cultura e ganha fluência em um novo idioma. Essa é a proposta do mestrado de dois anos da Universidade de Passau. Se você ama aprender novos idiomas, este curso pode ser para você. O mestrado é em alemão, mas no quarto módulo você terá que escolher dois dos seguintes idiomas – inglês, francês, espanhol, italiano, russo, português, tcheco, polonês, chinês, indonésio, vietnamita – dependendo da cultura que você deseja se aprofundar. O mestrando aprende como desenvolver competências-chave para se tornar um bom gestor de projetos e um bom solucionador de problemas. As oportunidades de atuação são muitas: vendas, marketing, relacionamento com clientes, relações públicas, recursos humanos, desenvolvimento organizacional. As inscrições abrem duas vezes ao ano: de janeiro a abril e de julho a outubro. O curso é gratuito. Saiba mais
4. Mestrado Interdisciplinar em Estudos Interamericanos – Alemanha
Universidade de Bielefeld, na Alemanha, tem um mestrado inteirinho voltado para o Novo Mundo. O objetivo do curso é, justamente, entender as singularidades do nosso continente: da América Latina à Anglo-Saxônica. O programa de dois anos tem uma abordagem interdisciplinar, com matérias como sociologia, literatura, comunicação, história e ciências políticas. O diploma capacita profissionais para trabalhar em diversas áreas da comunicação – como relações públicas, relações institucionais e jornalismo. Inglês e espanhol são obrigatórios. Alemão não é exigido, mas é uma vantagem, já que estudantes terão que aprendê-lo e fazer testes de proficiência ao longo do curso. O mestrado é gratuito, sendo cobrada uma taxa de 235 euros por semestre. As inscrições vão até 15 de janeiro para o curso que começa no verão (no hemisfério norte) e 15 de julho para o que começa no inverno. Saiba mais
5. Mestrado em Direitos Humanos e Multiculturalismo – Noruega
Esse mestrado da Universidade de Buskerud e Vestfold é único na Europa, por abordar Direitos Humanos e Multiculturalismo ao mesmo tempo. O curso, com duração de dois anos, é oferecido pela Faculdade de Ciências Humanas e Educação, na cidade de Drammen. Os direitos humanos protegem a diversidade multicultural? Oferecem base legal suficiente para prevenir práticas consideradas inaceitáveis por grupos minoritários? Essas são algumas questões que o mestrando irá analisar, se debruçando sobre o conceito de dignidade humana e como aplicá-lo a determinadas religiões e ideologias, do ponto de vista político, ético e jurídico. Debate este que se torna extremamente atual, no momento em que a Europa vive a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. As inscrições vão até 15 de janeiro. é gratuito.Saiba mais
6. Mestrado em Jornalismo Científico – França
Voilà! Essa pode ser a sua chance de estudar na França. A Universidade de Lilleoferece um mestrado de dois anos para jornalistas. O objetivo é capacitar profissionais para trabalhar com dados. Em sala, os estudantes discutem como abordar informações técnicas e trazê-las para o nosso cotidiano sob uma nova perspectiva. Ou seja: traduzir a linguagem técnica para o grande público. O curso é em francês. A mensalidade é bastante inferior a cobrado por outros cursos de pós-graduação: são 256 euros por ano, mais 215 euros de seguro social. As incrições abrem em junho. Saiba mais
7. Mestrado em Aprendizagem e Comunicação em Contextos Multilíngues e Multiculturais – Luxemburgo
O nome é longo, mas o objetivo do curso é bastante simples: estudar como a diversidade cultural e linguística influencia o ensino e a comunicação. Com duração de dois anos, o programa da Universidade de Luxemburgo é trilíngue, com aulas em inglês, francês e alemão. Você só precisa falar dois dos três idiomas para ser aceito, mas é recomendável conhecimentos básicos no terceiro (a própria universidade oferece esses cursos). O mestrado é interdisciplinar e abre possilidades de carreira nas áreas de educação, turismo e jornalismo. Também pode ser usado como curso preparatório para aqueles que buscam um PhD em disciplinas como antropologia, sociologia ou sociolinguística. O mestrado custa apenas 200 euros por semestre. Saiba mais
8. Mestrado em Semiótica – Estônia
A Universidade de Tartu, na Estônia, abriga um conceituado centro de estudos em semiótica. O curso, com duração de dois anos, oferece uma base teórica para aplicar conceitos da semiótica a várias disciplinas. São três módulos centrais: semiótica cultural, biosemiótica e sóciossemiótica. O curso é em inglês. O mestrado é recomendado para profissionais de diversas áreas que fazem uso da semiótica, como publicitários, jornalistas, tradutores e designers. As inscrições abrem em abril. Não há anuidade. Saiba mais
Fonte: Estudar fora

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Corte internacional da OEA ordena Brasil a sanar violações no maior presídio do país

Complexo do Curado (Aníbal Bruno), em Pernambuco. Foto: EBC
Complexo do Curado (Aníbal Bruno), em Pernambuco. Foto: EBC
A Corte Interamericana de Direitos Humanos divulgou na noite de ontem, dia 14, Resolução ordenando o Estado brasileiro a implementar novas medidas urgentes para garantir a vida e integridade dos presos, visitantes e funcionários da maior unidade prisional do país, o Complexo do Curado (antigo Aníbal Bruno), no Recife (PE).  Entre os problemas a serem solucionados no presídio—que hoje contém mais de 7.000 pessoas em espaço para menos de 1.900—destacam-se a tortura, a corrupção, a superlotação e a falta de proteção a presos LGBT e outros grupos que sofrem discriminação. A Resolução é fruto de uma audiência no dia 28 de setembro em que o tribunal exigiu explicações do Estado sobre a a crescente onda de violência no Complexo do Curado.  O processo contra o Brasil foi iniciado em 2011 por uma coalizão formada pela Pastoral Carcerária, o Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (SEMPRI), aJustiça Global e a Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard.
“A Resolução da Corte impõe o rigor necessário ao Estado brasileiro, que insiste em manter uma política prisional deteriorada, sucateada, discriminatória, humanamente improdutiva e insegura”, disse Wilma Melo, coordenadora de direitos humanos do SEMPRI.
A decisão do tribunal é obrigatória, já que o Estado brasileiro aceitou a competência da Corte em 1998. Para a advogada Natália Damazio, da Justiça Global, ao ser novamente citado internacionalmente pela situação do Complexo, o Brasil se vê pressionado a agir. “Há um discurso do Estado de que a situação no Curado vem melhorando desde a primeira Resolução da Corte, em 2014. Essa nova ordem mostra o tamanho da omissão, obrigando o Brasil não apenas a rever seu discurso público sobre o caso, mas também suas ações para interromper as graves violações de direitos no local”, afirmou a advogada.
Declarando a “completa falta de eficácia” do Estado na coibição de ilícitos no Complexo, a Corte observa na Resolução que “continuam sendo apreendidos centenas de armas, drogas de vários tipos, centenas de litros de bebida alcoólica, centenas de celulares, entre outros”, reparando ainda denúncias de que “se venderia uma faca por R$300,00 (trezentos reais) e uma pistola por R$10.000,00 (dez mil reais).” Segundo a ordem, “a Corte considera imperativo que o Estado investigue de maneira diligente as denúncias de corrupção e comércio de armas por parte de funcionários e internos e que informe o Tribunal a esse respeito”.
“É um pronunciamento histórico”, disse o advogado Fernando Ribeiro Delgado da Clínica de Harvard.  “Um tribunal internacional de direitos humanos ordenando a investigação de corrupção é algo inovador no direito, uma distinção infelizmente dúbia para o Brasil”.
Entre as medidas determinadas pela Corte para o país, é possível também destacar as seguintes: adoção de uma política preventiva sobre HIV, tuberculose e outras doenças transmissíveis; fim da função dos ditos “chaveiros”, que são presos que controlam os pavilhões e possuem chaves das celas no presídio; fim dos castigos extra-oficiais e espaços indignos de detenção; adequação do número insuficiente de agentes de segurança; e fim da proibição da entrada da coalizão com câmeras no Complexo para monitoramento da implementação da ordem da Corte.
Foram numerosas as provas entregues à Corte para fundamentar a Resolução, e elas levantam questionamentos sérios.  Por exemplo, a coalizão relatou que “[e]m 18 de junho de 2015 … as enfermarias não tinham medicamentos básicos (soro e analgésico) e há falta de luvas”, sendo esse apenas um de múltiplos exemplos parecidos.  Segundo oPortal da Transparência, o Governo Federal repassou para o Governo do Estado de Pernambuco nos meses de fevereiro, maio e julho de 2015 a quantia de R$7.220.783,14, especificamente para serem investidos na área da saúde de pessoas privadas de liberdade no estado.
Várias denúncias também foram ilustradas com um vídeo exibido aos juízes durante a audiência de 28 de setembro.  Outras denúncias levadas em consideração pela Corte incluem:
·       “[e]m uma visita realizada em 8 de outubro de 2014, alguns internos relataram a existência de um sistema ilegítimo de aluguel de espaços (barracos) nos Pavilhões para que eles possam dormir”;
·       “[e]m 24 de fevereiro de 2015…foi reportado um interno que dormia amarrado às barras da janela da cela disciplinar, devido à falta de espaço na cela”;
·       “[o]s funcionários usam coletes à prova de balas ‘vencidos’”;
·       “o estupro coletivo de um detento LGBT na cela de castigo, o qual seria produto de uma sanção aplicada por um ‘chaveiro’; O detento em questão teria sido contagiado com HIV como consequência desse estupro”;
·       “[o] interno Vilmário de Souza havia denunciado ameaças de morte contra sua pessoa. Os representantes comunicaram a situação e solicitaram atenção urgente à direção do Complexo, mas o Estado não adotou medidas para protegê-lo. Em agosto de 2015, esse interno foi assassinado dentro do Complexo do Curado”;
·       “[o] Estado autorizou o uso de armas letais contra presos em caso de tentativas de fuga”;
·       “[e]m 27 de setembro de 2015, uma pessoa que vive nos arredores do Complexo Penitenciário faleceu por um disparo de arma de fogo proveniente de Curado”; e
·       “os representantes documentaram dezenas de incidentes de violência, entre eles motins, brigas entre internos, tentativas de homicídio, tentativas de fuga, espancamentos e atos de tortura”.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos – outro órgão que, assim como a Corte, é ligado a Organização dos Estados Americanos (OEA) – começou a monitorar o Complexo Aníbal Bruno em 2011. Durante quatro anos, a coalizão de organizações da sociedade civil catalogou centenas de violações à dignidade humana dos presos, funcionários e visitantes do Complexo.  A falência do Complexo é um reflexo não somente da situação calamitosa do sistema prisional pernambucano, que possui uma das piores e crescentes taxas de encarceramento no Brasil, mas também de uma realidade prisional nacional que historicamente encarcera violando direitos. O caso do Complexo gerou também um grande acervo com mais de 700 páginas de provas coletadas ao longo do litígio: http://arquivoanibal.weebly.com/
A decisão da Corte Interamericana pode ser vista em anexo (em português) ou no site do tribunal (em espanhol).